EUROPA_17: Sul da França: Carcassonne_2
Ver aqui o primeiro post de Carcassonne.
"Bem, enquanto esperava o bus e tinha esse momento muito francês, deixava alguns chocolates Godiva derreterem na minha boca. Eu estava feliz. Estava rindo à toa. Eu finalmente me sentia no sul da França!"
Oi,
Hoje vou escrever sobre a cidade de
Carcassonne. Não será nada fácil! Foi um
dos pontos altos da viagem e foi o ponto mais emocionante. Foi o máximo! Ter
esse tipo de sensação e emoção nos faz perceber como a vida vale a pena e que
existem momentos que valem mais que mil palavras.
Depois de começar a aventura pelo sul da França,
saindo de Paris a Avignon, de lá peguei um trem para Carcassonne. É uma viagem
tranquila que vai passando por lindas cidades do sul francês e as pessoas que
entram em cada parada são bastante simpáticas. Desde o início eu tinha uma expectativa
muito alta sobre esta cidade, mas depois da decepção que foi Avignon confesso
que preferi segurar a minha onda e esperar chegar lá. Quando cheguei em
Carcassone fui diretamente comprar minha passagem para Nice. Encontrei uma
atendente que falava espanhol, o que eu já estava contando por estar somente a
2h da Espanha e ela me disse que realmente não tinha nenhum trem direto a Nice
muito menos ônibus. Eu não tinha comprado essa passagem antes porque pensei que
lá pudesse ter alguma outra forma de chegar a Nice. Não tenham esta ilusão com
nenhuma cidade pequena da França: elas têm o que têm e pronto. É muito fácil
ficar completamente isolado por lá.
Ao sair da estação gostei da cidade logo de
cara. Um pequeno rio, muita vida, franceses pra lá e pra cá. Definitivamente
minhas expectativas me diziam que aquela era uma cidade completamente diferente
de Avignon. O ponto de ônibus que nos leva à cidade murada está exatamente em
frente a estação. Ao sair da estação deve apenas seguir em frente, em linha
reta, cruza o rio e na esquina está o ponto com os horários dos 3 ônibus que
passam por ali e somente um te levará a cidade murada. A desvantagem é que não
tem muita freqüência e assim você pode facilmente ficar 1h ali esperando pelo
bus. Mas eu até achei legal esperar e ainda dei informações em francês para
alguns franceses que chegavam e perguntavam se tal ônibus tinha passado. Estava
me sentindo.rsrsrs Apesar de estar com a minha mochila e cara de viajante, acho
que estava tão relaxada com a cidade que o pessoal pensava que eu estava por
ali há algum tempo devido algumas perguntas mais elaboradas que alguns me
faziam e até conversei um pouco com uma
senhora francesa. Estava me saindo super bem com o meu básico do idioma. ;)
Sinceramente, o fato de já estar na França há
alguns dias fez com que me sentisse bastante segura para falar com as pessoas. Em
nenhum momento fiz qualquer pergunta em inglês. No momento que pisei neste país
sempre solicitava informações em francês e claro perguntava se falavam outro
idioma porque isso facilitaria a vida de todos. S'il vous plaît quelques informations. vous parlez espagonolo?
Italiano? Anglese? E por último português. Mas sempre em francês! Não por
medo de não me responderem como dizem alguns, mas sim porque eu estava adorando
praticar os idiomas e não perdia muito tempo também. É sempre mais prático
interromper alguém com algo que ela conhece do tipo: S'il vous plaît quelques informations. Tour Eiffel? E voilá. Vinha
a informação rápida e fácil.
Bem, enquanto esperava
o bus e tinha esse momento muito francês deixava alguns chocolates Godiva
derreterem na minha boca. Eu estava feliz. Estava rindo à toa. Eu finalmente me
sentia no sul da França!
O ônibus chegou. Paguei, 1 euro, entrei, pedi
ao motorista para me avisar quando chegasse na cidade murada e fiquei olhando a
paisagem. O trajeto dura exatamente 10 a 15 minutos. É muito perto e rápido e
enquanto passava pelas ruas da cidade fiquei apaixonada por tudo o que via. Bem
diferente do norte e de Paris e de repente meus olhos saltaram: LÁ ESTÁ
ELA!!!!!! A CIDADE MURADA habitada mais antiga desde os tempos medievais!!
Fiquei parada, perplexa. Sabe quando você vê algo e não consegue acreditar? Eu
caminhei até ali, mas a surpresa foi maior do que eu esperava e eu estava ali,
com a cara colada na janela vendo aquela maravilha histórica que se aproximava
mais e mais de mim. Comecei a prestar atenção aos nomes das ruas porque sabia
que o hostel, uma antiga abadia ficava próximo, bem na curva que o ônibus
fazia. O ponto final é exatamente em frente as portas da cidade medieval de
Carcassonne. Peguei minha mochila, desci e fiquei ali parada. Olhei ao redor,
olhei novamente para aqueles portões e simplesmente comecei chorar. Deus, as
lágrimas caiam (ao me lembrar me emociono, lágrimas me chegam aos olhos)
grandes, longas, sem medo ou interrupção. Eu nem conseguia mais enxergar o
portão na minha frente. E então...pensei e sorri: Eu estou aqui!
É como se eu tivesse feito uma peregrinação para
chegar até ali. A sensação de sonho realizado explodia no meu peito de tal
forma que eu não conseguia me conter. Limpei as lágrimas e me forcei a ir logo
ao hostal fazer meu check in e daí sim explorar a cidade. Cheguei a Carcassonne
por volta das 18h30. Coloquei minha mochila nas costas e comecei a descer a rua
e a limpar as lágrimas que não paravam de cair e a olhar para trás. Olhar para
aqueles muros. Eu queria tocá-los, andar sobre eles, ver o que tantos que ali
viveram viam quando olhavam para além dos muros ou para se protegerem de alguma
ameaça. E assim foi o curto caminho para a abadia. Cheguei e tive uma surpresa:
pensei que a minha diária ali tinha sido paga de forma online, mas não. Eram 18
euros, mas eles tinham apenas o registro da reserva, ainda tentei conversar e a
sra. muito mal educada me disse que esse era um problema entre mim e o banco do
meu cartão. E o que eu poderia fazer senão pagar e depois verificar
corretamente o extrato para ver se realmente havia sido ou não pago? Paguei e
ela me disse que como estavam recebendo dois grandes grupos que estavam juntos
tinha me colocado num quarto individual pelo mesmo preço econômico. Fiquei
contente. Nunca tinha estado numa abadia antes e a estrutura, a capela e o
quarto super simples, rústico até me encantou completamente.
A vista da janela do quarto. |
O quarto do hostal. Antiga abadia.
Da janela é possível ver a Citè Medieval
Ao olhar o guarda
roupa pequeno, a mesa e a cadeira, a pia e a janela antiga de onde eu podia ver
o alto dos muros da cidade murada fiquei me perguntando quantas mulheres não
estiveram naquele mesmo quarto, olhando para o mesmo lugar que eu e com
pensamentos, sonhos e preces tão diferentes?
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