Europa_30: Itália: Roma_02

Bem, da casa de Paolo ao centro de Roma são apenas 20 minutos e fui absorvendo tudo  que podia. Desci no ponto final como ele tinha em indicado e sabem o que tinha no ponto final? Ali, simplesmente estava a entrada para o Vaticano. A ponte que leva ao Castelo Sant'Angelo! Bem básico não?! Sabe quando você olha e não sabe o que fazer? Fiquei com essa dúvida: desço o a Via Vittorio Emannuele ou vou ao Vaticano? 
 
Deixei a surpresa e o deslumbramento de lado e segui a lógica e segui pela via, afinal eu já tinha um dia dedicado ao Vaticano. Fui descendo a rua, encontrei uma lojinha de um árabe que falava pouco italiano e além de comprar o Roma Pass com ele, também aproveitei para usar a internet. Então fui andando e vi a primeira igreja e e entrei e fiquei embasbacada com ela. Fui imediatamente procurar o nome porque não podia acreditar que eu não a conhecesse. Não conhecia. É que realmente são tantas igrejas e muitas são as principais, mas esta era muito linda, as pinturas lindas. Fiquei um tempo ali e continuei pela rua decidida a conhecer na minha primeira tarde em Roma a Piazza Navona, o Pantheon e o Monumento a Vittorio Emanuelle. A piazza Navona é linda, muita gente, muitos artistas, muita vida, recém casados tirando fotos. A fonte é muito bonita mesmo. É muito legal sentar ali na fonte 1 minuto e observar tudo ao seu redor: pessoas, pombos, turistas, artistas, as muitas máquina fotográficas e seus flashs.

 
Parei num lugar para finalmente provar o famoso gelatto italiano e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que uma bola custava 4 euros! Para os padrões europeus que tinha visto até ali eu sabia que esse valor era muito caro. Então desisti e deixei para comprar mais adiante quando encontrasse um mais barato. Pensei que isso era porque eu estava numa das vias principais, mas não cara pálida! A verdade verdadeira é que o gelatto é caro mesmo, não consegui, em toda a Itália, comer uma bola por menos de 3 euros e as bolas lá são bolinhas mesmo: pequeninas e redondas sem nem um pouquinho escapando. Fiquei boba! Por isso que o pessoal no verão bebe tanta granitta. A mais cara que encontrei foi da Kibon por 2 euros! Na rua, nas praças e parques fazem granitta a partir de 0,50 euros a pequena e 1 euros um copo de 500 ml. Diferença do sorvete não?
Dali segui para o meu destino principal daquela tarde: o Pantheon. Segui umas placas, mas placas em Roma não são necessariamente muito conclusivas e depois de dar algumas voltas voltei a via Vittorio, olhei  bem o mapa e fui seguindo para encontrá-lo. Cheguei pela lateral e já fiquei impressionada com o tamanho e a estrutura de pedra maciça e quando cheguei em frente simplesmente chorei.
 
Estar me frente ao Pantheon era finalmente dizer a mim mesma: Roma, estou aqui! Fiquei impressionada com este lugar. Grandioso é a palavra mais próxima que posso chegar para descrevê-lo. Entrar por aquela enormes portas de bronze é uma loucura, são magestosas e imponentes. O interior é muito bonito, mas para mim nada se compara com o exterior. Foi o primeiro lugar da viagem em que me senti realmente pequena. Aquelas colunas são impressionantes e é realmente difícil imaginar como os romanos caminhavam por ali na antiguidade na maior tranquilidade ou a impressão dos estrangeiros que chegavam em Roma.
 
Em frente tem uma linda fonte e nela um obelisco egípcio. Os edifícios antigos que rodeiam a frente do Pantheon dão um ar todo antigo e bucólico. Satisfeitíssima voltei a via Vittorio, vi algumas ruínas, parei para entendê-las, entrei num mercado e comprei algumas coisas italianas muito gostosas :) e continuei por toda a via até que cheguei no Monumento a Vittorio Emanuelle. É muito lindo! Aquela pedra branca e maciça com tanta arte no meio da via impressiona. E ao lado direito dele estava o Campidoglio, que estava para o dia seguinte e do lado esquerdo a Coluna Trajano. Fiquei bastante surpresa ao vê-la ali porque pensei que estava num ponto mais distante do centro e ali estava a coluna que passei todo um semestre estudando, parte por parte, a história de cada imagem, na faculdade quando fiz história antiga. Eu estava em êxtase. Tirei muitas fotos e pedi para um rapaz registrar a historiadora e a coluna que entrou para a história. :) Ao lado do Monumento e da coluna eu tinha as ruínas do Forum Romano e quando olhei com mais cuidado, adivinha o que estava ao fundo, a apenas alguns passos? Ele, o Coloseo! Cara, tenho que dizer que falei vários palavrões nesse momento. Eu não imaginava que fosse tudo tão perto e compacto. As pessoas sempre dizem que andam tanto para chegar de um lugar a outro e ali estava eu. 
Fiz como em outros lugares: fui reservando o ponto alto com toda uma expectativa. Observei e parei nas ruínas do Fórum Romano e fiquei embasbacada novamente com o tamanho das construções. Sinceramente, é impossível para nós homens atuais imaginarmos como aquela sociedade vivia com aquelas construções gigantescas. Eles deviam se sentir orgulhosos demais da arquitetura e do seu lugar de homens que lutavam ao lado dos deuses, mas que eram menos que estes. Isso dá pra sentir em cada construção porque elas fazem com que nos sintamos pequenos, elas nos lembram que somos apenas homens. Esse é o tipo de impressão que somente conseguirá ter estando ali, em frente a tudo aquilo. Não há livros, e olha que eu já li muitos e muitos, que façam perceber isso. É a sensação. É assim, nós vivemos num mundo onde todos procuram ser e viver como iguais (o que não acontece é óbvio). A meta é que todos tenham e possam ter tudo. Em Roma, as construções deixam claro que os romanos conheciam o seu lugar na terra como mortais e que acima deles estavam os deuses, mas não era por isso que eles se sentiam menos, eles se sentiam orgulhosos. Que eles podiam não ser deuses ou filhos destes, mas que podiam construir templos e lugares dignos de qualquer deus. 
É interessante ter tudo isso na cultura e mesmo assim perceber que os italianos não são tão orgulhosos como os franceses por exemplo. Eles são simples e comentei isso com Paolo, ele me disse que os romanos e os italianos em geral não têm porque agir assim porque todo o mundo conheceu e conhece a importância de Roma na história. Que não existe construção que não se baseie nos cálculos e construções romanas. Legal né?
E justo quando eu estava ali bebendo e me dando conta de tudo isso, em pleno entardecer romano, já eram umas 21h algo interrompeu o meu momento idílico: um carro parou e bem alto tocava Gustavo Lima, Balada Boa! Consegue acreditar nisso? Comecei a rir, voltei à realidade, passei pelas esculturas de Júlio César, Otávio Augusto e de diversos outros imperadores enquanto me dirigia a maior de todas as construções conhecida pelo homem. Não vou mentir, tive algo como um orgasmo enquanto o via se aproximando de pouco a pouco. Subi uma ladeira, vi todos os mapas do antigo Império Romano de um lado e o Coliseu. Tirei algumas fotos e lá fui eu. É uma felicidade estar ali! Ver o que tinha visto em fotos, em filmes, e que tinha lido em tantos livros de história na minha frente. Tirar fotos, tocar aquela estrutura, tocar aquelas pedras que tanto viram e ouviram, que já se molhou com chuvas por séculos e se secou com os mais lindos e quentes sois. Depois de ir de um lado a outro e ver todos os ângulos possíveis naquele momento, sentei-me em frente a ele, abri minha sacola de compras e comi um belo sanduíche com um suco enquanto me embriagava com aquela visão.
 
Voltei pela via del corso (a mais antiga de Roma e uma das mais antigas do mundo) até a via Vittorio, olhando muitas vezes para trás para ver o Coliseu iluminado, e ali na Piazza Veneza, onde Mussoloni fez seus diversos discursos, peguei meu ônibus de volta a casa de Paolo absurdamente satisfeita com a bela e apaixonante Roma.

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