Buenos Aires: há 4 anos eres mi querida!

Oi,
Depois de tanto tempo finalmente mudei a cara no blog e espero que gostem.
Hoje é feriado aqui na Argentina, dia da Independência. Eu estava para ir à Feira de Matadeiros, mas, além do frio, a previsão era de chuva e agora temos muito frio e chuva e o melhor é que estou em casa no quentinho :)
Acabei de postar sobre Roma e o Vaticano. Na verdade, eles já estavam prontos fazia muito tempo, mas eu não queria postá-los sem fotos e por isso demorei tanto. O que farei agora é quando escrever já publicar e depois vou acrescentando as fotos, pois assim já posso de alguma forma ajudar com meus relatos aos que estão planejando suas viagens.
Atualmente ler blogs e sites de quem vive ou viajou a determinado lugar nos ajuda e muito a sair um pouco do que apenas encontramos nos guias. É uma forma maravilhosa de descobrir um restaurante diferente, uma escultura, um museu, um lugar único e especial e que nos chama também atenção.
Tenho visto também alguns vídeos,o que super recomendo a quem vai viajar para ir vendo os lugares e com isso perceber se realmente quer ir até ali. Ao vermos séries ou filmes, conseguimos  ter uma ideia real de alguns lugares e assim aumentar ou diminuir a vontade. Parece louco? Mas não é. Muitas pessoas decidem viajar a lugares que sempre pensaram que queriam conhecer e depois acabam indo por causa da "pressão" de amigos e familiares que dizem que você "não pode deixar de ir ali". Cada pessoa tem um gosto muito pessoal e ao decidir viajar esse gosto deve ser a primeira coisa com a qual deve contar. Afinal é você quem vai gastar (e muito) com passagens, hospedagens, passeios e comida, e também é você quem vivenciará determinadas experiências. Então quando alguém disser que não sabe o que você vai fazer em determinado lugar, não se preocupe. Você sabe! E como a viagem é sua....

Outra coisa que preciso também fazer aqui no blog é dar uma atualizada nas dicas e roteiros para quem vem a Buenos Aires, afinal está fazendo 4 anos que estou morando aqui e já conheci novos lugares, seja para estar sozinho, com amigos, para passear, etc.
Que coisa não? Está fazendo 4 anos! Cheguei para passar um tempo, pensar na vida, depois decidi trabalhar e ver no que iria dar e por aqui fui ficando. Ainda sou apaixonada por esta cidade. É incrível como ainda consigo descobrir algum novo lugar e novas palavras. Ainda tenho uma sensação de segurança, mesmo percebendo que a cada dia ela está diminuindo -  infelizmente. Fiz novos amigos, me despedi de outros tantos; aprendi e melhorei outros idiomas; realizei sonhos; conheci outros países e culturas.
Tantas coisas fui aprendendo. Com esta cultura portenha aprendi a ser mais tolerante e aprendi também que não preciso ser tolerante com todas as pessoas, mas com algumas. Que dizer NÃO é possível sem causar (ou sentir) muito stress. Aprendi que adoro medialunas e que brigo quando alguém diz que medialuna é croissant. jajajaja :). Aprendi a apreciar vinhos sempre na cia de amigos. Aprendi a me acostumar com o inverno e seus costumes. Aprendi a ser menos preconceituosa e a aceitar as diferenças e opções, seja sexual, seja de estilo de vida de cada um. Aqui aprendo a cada dia que todos somos diferentes e cada diferença tem seu próprio espaço e maneira de se expressar. Parece algo óbvio, mas não é. Passei a conhecer o meu país, Brasil, de outras formas também. Hoje o conheço do ponto de vista de uma turista e também que a sociedade brasileira é em seu cerne extremamente conservadora. Ok, sempre soube disso, afinal sou historiadora, mas digamos que ao ver de fora, percebemos outras coisas. 
Percebi que o brasileiro em geral não aceita -ou não sabe aceitar - as diferentes opiniões nem opções de vida que alguns escolhem para si. O olhar para quem vem ou mora fora quando não é preconceituoso é invejoso ou exagerado. Muitos esquecem que vivemos, trabalhamos, pagamos contas, economizamos, temos momentos sozinhos e solitários que também poderíamos ter vivendo em nosso país de origem. 
A vida é feita de escolhas. Claro que não precisamos da aprovação de ninguém, mas os sentimentos contraditórios podem nos atingir de forma direta, pois se outra coisa aprendi é que ao vivermos em outro país e outra cultura é que nos tornamos mais sensíveis. Parece que todas as sensações são mais intensas.
Também tenho percebido outra coisa não apenas em mim como em outros brasileiros que vivem no estrangeiro e que estou certa que acontece com todos que vivem em outro país: muitos nos indagam se a sensação de ser estrangeiro, um imigrante não é ruim. A minha opinião atual é que a pior sensação não é ser um estrangeiro em outro país, mas sim quando sentimos que somos estrangeiros no nosso próprio país!
É ótimo voltar ao Brasil, rever a família e amigos, no entanto o que devemos fazer quando passados apenas alguns dias já sentimos falta do país em que estamos vivendo? Quando bate aquela vontade de voltar mesmo estando ao lado de todos os entes queridos? Esse é o ponto mais difícil. É como se não fôssemos nem de lá nem de cá. E a pergunta que fica é: quem somos e de onde somos no final das contas? E como essa é uma pergunta difícil de responder, ou pelo menos eu sei que ainda não posso respondê-la, o jeito é ir levando a vida como posso e quero. E só por isso estes 4 anos já estão valendo!
Saludos brasiporteños.

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