Ser estrangeiro... sobre o livro ªChina na minha vidaª.
Acabei de ler
o livro de uma pessoa muito querida e que ainda não tive o prazer de conhecer
pessoalmente. Porém, o mundo é grande e a vida dá muitas voltas, o que me faz
acreditar que um dia esse encontro acontecerá. E, como boa brasileira, sei que
a esperança é a última que morre.
Ela mora do
outro lado, do lado de lá, láááááá na China. E sabem como é, para brasileiro o
lugar mais longe do mundo é a China, não é mesmo? Quem nunca ouviu: “Vixe, caminhou
até a China”, “Foi lá pra China”, “E por acaso eu moro na China”? Pois é, mas a
Christine Marote, de verdade, e por acasos do destino, foi parar lá. Há muitas
histórias e relatos interessantes em seu livro “CHINA NA MINHA VIDA. O QUE APRENDI COM O DRAGÃO” e também no blog: https://chinanaminhavida.com/
Lembro da
mensagem dela, avisando, a nós do grupo do BPM, que tinha decidido lançar um
livro e que estava empolgadíssima com esse novo desafio. E depois acompanhá-la
– online - na divulgação do mesmo e no lançamento foi um momento muito legal. E
agora, enfim, pude tê-lo em mãos. Ahh, e isso porque uma amiga dela, a
Clau, que estava morando na China, estava de mudança para Buenos Aires e
ela nos apresentou via Facebook. A Clau chegou, marcamos e nos conhecemos e depois ela me emprestou o livro. Lembra que comecei o post dizendo que a vida dá muitas
voltas? 😜😜
Há um dos
capítulos finais que a Chris fala sobre ser estrangeiro, as definições da
palavra e o sentido para nós que vivemos em outro país que não é o nosso. Um
dos temas mais comuns, neste grupo de mulheres e amigas que fiz e que moram
fora do Brasil, é que nos entendemos porque passamos por situações e
sentimentos semelhantes ao estarmos morando fora por algum tempo e que é muito
difícil explicar isso para quem fica. Muitas pessoas pensam que por viajarem,
já entendem sobre o que estamos tentando explicar, mas não, elas não entendem. Nem
chegam perto.
E é aqui que o
livro da Chris coloca o dedo no lugar correto. Você pode ser um verdadeiro
viajante, conhecer vários países, mas se não decidiu ficar morando em nenhum
lugar, você é um viajante, um turista que passa (ou) mais ou menos tempo. Também
coloco estudantes nesta categoria de “passageiro”, pois muitos chegam para fazer
um curso com data certa para voltar ao seu país. Estão aproveitando ao máximo
porque já sabem que voltarão para casa depois de algum tempo. Não vieram para
ficar. Pois quando alguém decide – ou tem que – fixar residência num lugar, as
coisas mudam.
Você não é
mais aquela pessoa que está passando pela cidade/país, você está realmente ali.
Vai ter que começar a lidar com os problemas sociais, políticos e econômicos
desta sociedade. Terá que se adaptar – e rápido – aos costumes locais, e por
melhor que fale o idioma do país que escolheu, terá que aprender a usá-lo como
os locais, as suas nuances, suas gírias, seus duplos sentidos e com palavras e
expressões que nenhum livro poderá te ensinar. Porque isso é a vida: mudando,
transformando-se, dobrando-se, sendo ela mesma dentro de uma sociedade que já
conhece e convive com seus códigos desde o nascimento. E isso nos define: somos
estranhos. Somos e seremos, sempre, estrangeiros, imigrantes. Sempre vamos
ouvir a pergunta: “De onde você é?”, “O que está fazendo aqui?”, “Por que veio
para cá?”, “Você gosta daqui?”, “Há quanto tempo está aqui?”.
A princípio,
vai responder com entusiasmo. Com o tempo vai se cansar e querer gravar as
respostas e apertar o play quando já
estiver cansado de respondê-las. E depois de muito tempo, vai simplesmente dar
uma resposta com um resumo de todas as perguntas que viriam para economizar
tempo e continuar com a conversa. É assim. Todos nós estrangeiros, os que
ficamos, passamos por isso. Outro ponto é que quando conhecemos alguém que está
chegando é comum falarmos muitas coisas sobre o local como um resumo do que vai
conhecer, porém é bobagem, afinal cada um vai ter a sua própria experiência e
as coisas mudam tão rápido que nem sabemos por que damos estes conselhos aos
que chegam. (Mas daremos do mesmo jeito). 😉😉😉
Você vai se
pegar ansioso por ser convidado a ir a um casamento, aniversário, a algum evento
importante no novo país, é como sentir-se aceito de alguma forma e quando
estiver nestes eventos nas primeiras vezes, verá costumes e regras diferentes
e vai começar a pensar e a querer saber o porquê deles fazerem determinadas
coisas e nós brasileiros, outras. Vai perceber que, aos poucos, ao fazer cada vez
mais parte desta sociedade, vai aumentar o estranhamento e, consequentemente, o
conhecimento da sua própria. Vai perceber aspectos, costumes e situações que
nunca tinha se dado conta quando morava no Brasil e começar a se sentir um pouco
estrangeiro por lá também.
Ser
estrangeiro pode ser mais fácil para alguns, difícil para outros, no entanto, sem
dúvida nenhuma, será sempre revelador. Seja na China ou em Buenos Aires.
Ficou interessado no livro? Entre no blog e saiba em quais livrarias do Brasil poderá encontrá-lo ou como fazer o pedido e boa leitura!
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