Já parou para conversar com a sua adolescência?
Acabo de descobrir que faz exatamente 1 ano que escrevi meu último post aqui e o ano, mais uma vez, está terminando e com ele vem aquele momento de reflexão: foi bom, foi ruim, cumpri minhas metas, fiz o que me propus, etc...
A minha reflexão está sendo
diferente já há alguns meses. Li alguns ótimos livros neste ano onde contavam
algumas histórias através do passar de gerações de algumas famílias que me
fizeram ter alguns sentimentos e levantaram algumas perguntas que há muito não
me fazia. A principal e mais recorrente foi: onde ficou aquela Ina da adolescência?
Quando eu a perdi? Quando a deixei para trás? Eu a deixei para trás?
Percebo que muitos são os
adultos que se esqueceram que um dia foram adolescentes. Que em algum momento
de suas vidas só queriam ir para a escola para ver aquele/a menino/a por quem
suspiravam de forma platônica. Que reclamavam com os amigos que os pais eram um
saco e não os deixava fazer nada. Que na hora de comprar o material escolar se
preocupava que a mãe não comprasse uma capa de caderno careta e ia com ela para
ter a certeza de que teria uma capa ou um fichário legal para começar o ano.
Que não via a hora de chegar o intervalo para sentar com seu grupinho e rir e
falar sobre as coisas mais bobas e jurar amizade eterna àquelas amigas do
colégio ou mostrar preocupação por achar que ficaria de recuperação em alguma
matéria pois não conseguia entender o que o professor dizia. Ou que odiava o
intervalo porque era o momento em que os outros alunos mexiam com você,
provocavam e o isolavam como um pária social.
Que quando tínhamos que
fazer trabalho em grupo e em casa era o máximo porque passaríamos mais tempo
com as amigas ou com aquele/a menino/a de quem gostava. Que trocávamos nomes de
bandas, cantores e ouvíamos as mesmas músicas. Porque na amizade entre adolescentes
o grupo sempre escuta as mesmas músicas. Que às vezes ficávamos desesperados
quando o cabelo estava indomável ou quando percebíamos que todas as camisetas
do colégio estavam sujas e não tínhamos percebido e a nossa mãe ia dar aquela
bronca federal. Que quando o assunto beijos e namoros vinha à tona não víamos a
hora de beijar alguém e quando estávamos apaixonados...ahhhh era amor para
valer não era mesmo? Coração batendo forte, noites suspirando pelo ser amado,
imaginando como seria estar com essa pessoa e caminhar de mãos dadas, como
seria se soubesse que você existia (em alguns casos). Ficar esperando chegar o
intervalo para vê-lo/a com os amigos ou esperar pela aula de Educação Física
(quando estávamos mais livres). Como ficava chateada/o quando as amigas/os
deixavam escapar entre risadinhas o seu interesse e toooooda a escola ficava
sabendo. E quando acabava? A dor era imensa! O mundo perdia todo o sentido.
Sentíamos que nunca mais amaríamos alguém de novo. Porque nesta fase os amores
são de vida ou morte, né não?
E depois havia as conversas
sobre o futuro. Dizíamos o que queríamos ser ou fazer. Afirmávamos com
propriedade: Vou ser advogada. Vou ser médico. Vou ser Modelo. Vou ser muito
famosa/o. Na adolescência nunca somos professoras de escolas públicas,
recepcionistas, vendedoras, assistentes ou ajudantes. Nunca estaremos cansados
ou tristes ou sem saber o que fazer. Sempre seremos àqueles que mudarão o mundo
e ganharemos bem e teremos uma vida boa, muito boa.
E aí? Lembrou de algo ao
ler este texto? Lembrou de si nesta época? Lembra dos seus sonhos e afirmações?
Pare um minuto para conversar com o seu eu adolescente e veja se ainda existe
algo daquela pessoa aí dentro. Converse com esse “eu” e vejam juntos se ainda
são a mesma pessoa na essência, se ainda riem da mesma forma, se você se tornou
aquela pessoa com a qual sonhava ser ou em que momento a vida te distanciou
daquela garota, daquele garoto.
Feliz 2018!
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