Couchsurfing 01: Abra a sua cabeça e abrace o mundo.



Adoro o conceito do Couchsurfing que é literalmente surfar num sofá. E por isso este post será longo para que eu possa tirar todas as suas dúvidas com ele. Ele será em três partes.
O surf por si só é uma prática que poucos se arriscam a fazer, mas que muitos adoram ver porque causa uma sensação de adrenalina e suspense ao acompanhar o surfista e ficar imaginando como deve ser manter tanto equilíbrio em cima de uma prancha e encarar uma onda e a excitação do momento. É por isso que hoje, após fazer uso dessa prática sinto que quem inventou o nome deste projeto foi mais que feliz na escolha, porque ficar na casa de alguém ou receber uma pessoa que nunca viu na vida é realmente surfar em águas desconhecidas.
Há aspectos positivos e negativos. Vai depender muito de cada pessoa. Mas, sugiro apenas fazer couchsurfing depois de já ter se hospedado em hostels e ter aprendido a interagir e a compartilhar o seu tempo com outras pessoas desconhecidas.

Qualquer pessoa que tenha usado a internet para pesquisar sobre viajar sozinho, de mochila ou por hospedagem econômica já deve ter encontrado diversas vezes essa palavra e lido sobre a ideia de ficar na casa de uma pessoa em qualquer lugar do mundo e assim economizar na hospedagem que sempre é um item que pesa bastante em qualquer viagem. Existe uma página onde a pessoa preenche um cadastro e depois coloca várias informações sobre si e sobre a viagem que fará. Ou não. 
As pessoas podem participar do Couchsurfing de diversas maneiras. 
Talvez você não tenha nenhuma viagem planejada, mas está querendo ajudar alguém que está viajando por aí a economizar e ao mesmo tempo ampliar seus conhecimentos e daí você pode receber alguém na sua casa. Ou simplesmente oferecer o seu tempo para beber algo, mostrar a cidade, uma festa, boate, barzinho, encontro com amigos.
Quem está chegando sempre quer conhecer lugares novos e o viajante independente não quer apenas ir aos pontos turísticos. Ele quer mais e quem acompanha meu blog e os de outros tantos viajantes independentes, sabe que o importante para nós é ESTAR. Queremos ver as pessoas, seus costumes, como elas interagem com a cidade onde vivem. Coisas e lugares que somente um residente pode nos dizer ou mostrar qual é.

A grande sacada do projeto é que para receber alguém você não precisa ter um quarto luxuoso nem nada disso. Se vamos dormir de graça a última coisa que nos preocupa é o luxo. Basta ter um lugar limpo para dormir e deixar nossa bagagem que já está tudo resolvido e se a pessoa for agradável a experiência será ótima. Podemos trocar idiomas, culturas, informações, impressões e até mesmo conhecimentos do local. Diversas vezes tive um quarto só para mim, mas já dormi em sofá, em colchão, numa cama armada no corredor e na vez que viajei com uma amiga inclusive dormi no chão num colchonete e num colchão inflável. Claro que estar sozinho é mais fácil e confortável para todos os envolvidos, mas o que importa é a boa vontade e tudo compensa. 
As conversas são ótimas, acaba conhecendo os amigos da pessoa que te recebe e assim amplia as amizades, conversa em diversos idiomas, responde perguntas sobre o seu país de origem e sobre outros que já conheceu, prova comidas cotidianas, conhece lugares que talvez nunca fosse, às vezes passa um dia, ou noite, agradável com o seu coucher que o leva para passear ou passa horas conversando com ela/e à noite sobre os seus respectivos dias.

Já aprendi tantas coisas, tive tantas experiências boas com quem me recebeu que um post seria pouco para falar a respeito. 
Veem essa foto? Foi tirada nesta sexta, 17/07/2015. Foi o casamento do meu amigo francês Mathieu aqui na Argentina. E eu estava esperando por essa foto para escrever sobre o Couchsurfing. Sei de pessoas que fizeram e não gostaram e de outras que até tiveram experiências negativas. Mas as minhas sempre foram positivas e a prova de que é uma experiência que pode transformar a sua viagem em algo mais que uma viagem. Que pode fazer grandes amizades. Mathieu já está neste blog! Leia o meu post sobre Paris, (pasta dezembro de 2012 e janeiro de 2013, aqui deixo o link http://inadeliveira.blogspot.com.ar/2012/09/europa09-franca-paris-02.html).
Na minha primeira vez em Paris, conheci o irmão do meu coucher e ele me apresentou à sua namorada, Emilie, e nos demos tão bem que combinamos sair no dia seguinte e o melhor amigo dela, Mathieu que tinha morado em BAs e tinha uma namorada aqui e estava querendo ir ao Brasil no mês seguinte, foi o nosso tradutor. Ele passou a tarde conosco. Emilie teve que ir embora e ele ficou comigo mostrando a cidade e contando a sua história de amor. Dei dicas sobre o Brasil, ficamos amigos. Conheci a sua namorada aqui em BAs, depois ele veio morar aqui, voltou à França e agora no casamento dele Emilie, através de mim, reuniu os amigos deles na França e enviou vídeos de todos eles para eu mostrar aos noivos aqui. Emilie se casou no ano passado e eu fiz parte deste momento através de fotos. Se não fosse por eu ter arriscado e ter feito o Couchsurfing talvez eu nunca tivesse conhecido esses franceses fantásticos e que hoje são meus amigos.

Já fiquei em casas de franceses, martinicano, inglês, austríaco, italianos, argentinos, alemães, belga, fui tomar um café com uma tcheca, etc. Desde o ano passado, aqui na Argentina, comecei a receber viajantes e às vezes recebo alguns no Brasil na casa dos meus pais, com a permissão deles é claro. O primeiro foi um rapaz da Polônia viajando pelo mundo, depois uma tailandesa que mora há anos na Alemanha e dançarina de tango que veio realizar o sonho de dançar aqui e por último um brasileiro que mora no Chile que precisava realizar alguns trâmites. Já convidei um francês para uma reunião de amigos que fiz aqui em casa, pois não podia hospedá-lo. E agora fiz uma nova amiga francesa, que também não pude receber em casa, mas que estou convidando para participar de atividades pela cidade.

Os que eu recebi em casa me trouxeram lembrancinhas como forma de agradecimento. O que gostei bastante porque é exatamente isso que eu faço quando viajo. Levo chocolate, alfajor, algum chaveiro, algo que seja realmente local, leve e barato para poder carregar durante toda a viagem e poder presentear a quem me recebe ou a quem faço amizade. 

Não é uma obrigação, na verdade a máxima do viajante é economizar o que puder, mas uma lembrancinha não faz mal a ninguém e mostra um pouco de educação pelo tanto que a pessoa está nos ajudando a economizar.

Não rola pagamento no Couchsurfing. 
A ideia é saber que tem pessoas boas que podem doar um pouco do seu tempo e/ou sua casa a outra pessoa pelo simples prazer de ajudar e ampliar seus conhecimentos. SE LIGA: NÃO É HOTEL. 
É importante ter respeito sempre, afinal uma visita é sempre alguém que está de certa forma invadindo o espaço do outro, então invada o mínimo possível. Deixar suas coisas organizadas é o primeiro passo. Comprar sua comida e não pegar nada de quem te recebe é o segundo. Tirar algumas dúvidas sobre a sua viagem é válido, mas ocupar o tempo do outro com perguntas, não. Lembrar que a pessoa que recebe tem sua vida, trabalho, estudo, namorado/a e que não é porque está recebendo alguém que tem a obrigação de levar o viajante pela cidade ou ficar horas conversando com ele. O ideal é ficar até quatro dias na casa de alguém. Claro, que muitos ficam uma semana ou mais, a economia é ótima, mas temos que nos lembrar que somos aquela visita ocupando o espaço de alguém, ok? E de repente ficar na casa de mais de uma pessoa na mesma cidade também é legal para ampliar sua forma de ver as muitas vidas que existem no mesmo local.
No próximo post vou falar como evitar "surpresas" desagradáveis, como encontrar um um coucher e algumas regras de convivência básicas. Aguardem!

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