UM POST QUE CAUSOU POLÊMICA!

Oiiiiii,
Sinto uma vontade enorme de escrever depois de ter lido o post  “Impressões de um francês sobre o Brasil”: (http://www.fodecast.com.br/curiosidade/impressoes-de-um-frances-sobre-o-brasil/). Acho que nem ele sonhou que receberia tantas respostas e o pior....uma grande quantidade delas preconceituosas, idiotas, ofensivas, o que apenas demonstra um dos pontos que ele percebeu: que o brasileiro não aceita críticas (porque chama isso de ofensa!?).
Eu li os 65 pontos que ele colocou. Moro em outro país há pouco mais de 3 anos e quando moramos fora, vivemos uma outra cultura e a nossa percepção, seja do nosso país seja da nova cultura, fica aguçadíssima com as diferenças culturais (isso para a maioria porque muitos são topeirinhas mesmo e só sabem criticar ao invés de perceber que são diferenças).  Não vejo problema em dizer que algo de outro lugar é melhor que no nosso país ou vice-versa. Isso é ser consciente das diferenças e não falta de patriotismo ou coisa que o valha. Por exemplo, a carne argentina é sim maravilhosa, muito melhor que a brasileira, mas a nossa lingüiça é imbatível! ;) Isso é deixar de ser patriota? Isso é ser realista.
Muitas situações e expressões acontecem no dia a dia e com o tempo vamos nos acostumando ou pelo menos aceitando ou respeitando e outras tantas vamos aprender com o tempo, com pessoas diferentes.
Achei super engraçado e de muito bom humor a maneira como o Olivier mostrou muitos dos traços culturais (sim, defendo aqui a ideia de traços culturais) que nós brasileiros vivenciamos no Brasil e que levamos conosco quando vamos a outros lugares.  Alguns pontos são apenas culturais como quando ele disse:

Aqui no Brasil, os casais sentam um do lado do outro nos bares e restaurantes como se eles estivessem dentro de um carro”.
Eu, particularmente, mesmo quando vivia no Brasil, sempre preferi num restaurante ou bar sentar de frente ao meu acompanhante, fosse namorado ou amigo/a. Enquanto como, conversar olhando nos olhos é muito bom. Sei lá, não acho muito legal essa coisa de enquanto como ficar beijando o meu parceiro. Algo do tipo: eu mastigo rápido o arroz e ele rápido o peixe e nos beijamos com toda essa comida recém mastigada e com feijão ou um pedacinho do alface agarrado no dente! Argh! Prefiro simplesmente comer, manter uma conversa, olhar nos olhos, beber um vinho ou o que estiver sendo bebido e depois sim beijar. Não vejo motivo para toda essa demonstração de beijo público com comida. Não sou puritana, mas que é nojento é. E lembrem-se que muitos de nós brasileiros temos o costume de enquanto se está beijando alguém passar o chiclete ou a bala que estamos mastigando/chupando há algum tempo para a boca do outro! Isso é cultural. Você pode não ter feito isso, mas aposto o que quiser que já viu alguém fazer! Então reclamar da falta de higiene porque os franceses não comem uma baguete com guardanapo quando nós passamos comida de uma boca a outra me parece um pouco deslocado ou simplesmente um ponto de vista.
Acabei de dizer isso a minha amiga Naíde e ela disse que é muito nojenta essa situação. Rimos muito, mas é verdade. Talvez você não tenha percebido que é isso o que acontece durante esses beijos apaixonados enquanto come. ;)

Achei o máximo o comentário dele sobre o fato das festas de crianças terem mais adultos e bebidas alcoólicas que crianças e sucos. É verdade! Diga-me qual adulto brasileiro que não gosta de festas de crianças?! E não é porque gostamos de ficar escutando Xuxa, Selena Gomes, Eliana, Justin Bieber, etc. ;)

Outro ponto que ri muito é quando ele diz que: 
"No Brasil todos os chineses são japoneses". É verdade!!! Teve olho puxado é japonês! Aqui na Argentina é tudo chino e lá não importa se é chinês, koreano, vietnamita, são todos “Japa”.

“-Aqui no Brasil, a música faz parte da vida. Qualquer lugar tem musica ao vivo. Muitos brasileiros sabem tocar violão embora que não consideram que toquem se perguntar pra eles. Tem músicos talentosos, mas não tantos tocam as musicas deles. Bares estão cheios de bandas de cover”.
É assim mesmo! Aqui em Buenos Aires algo que me chamou muita atenção quando comecei a ir a locais que têm música ao vivo (e há muitos) é que quem está se apresentando toca uma ou outra música conhecida, mas a maioria é de própria autoria e quando vendem um CD, as músicas são deles e não cover. Não digo que não tenha alguma canção conhecida, às vezes acontece, principalmente se for de tango, mas não é sempre (menos ainda se for pop ou rock) e no Brasil, absolutamente TODAS as vezes que estive em bares com música ao vivo, a maior parte delas é de outros artistas e muitos CDs não têm uma única música de própria autoria.

Como gosto muito de culinária e provar novos sabores, concordo plenamente com o comentário de que no Brasil  “comida salgada é muito salgada e comida doce é muito doce. Ate comida é muita comida”. A última parte, para ele que é francês é a mais pura verdade, e se ele vier à Argentina ficará mais surpreso ainda porque aqui existem umas porções enormes, onde tranquilamente comem duas ou mais pessoas. Quanto aos sabores...comemos muuuuito mais sal. Não nos damos conta disso, ou não nos importamos quando estamos no Brasil, mas quando viajamos a outro país a diferença é gritante. Aqui na Argentina para nós brasileiros o sal não salga! Rsrsrsrs Ele é mais fino, tem menos sódio e temos que colocar muito sal para chegarmos no “ponto”. O doce realmente é muito mais doce, tanto que hoje em dia a maioria dos nossos doces para mim são muito enjoativos. Descobrimos sabores diferentes quando saímos do Brasil. Uma torta mousse de chocolate fora do Brasil, na minha opinião, visto que cada um tem um gosto próprio, sempre será melhor porque é feita com bom chocolate e ele é sempre amargo ou meio amargo, então não importa o tamanho da porção que não dá para enjoar. No Brasil, a grande maioria utiliza chocolate ao leite, acrescido de leite condensado e açúcar. Fica sim suuuper doce. E nem sempre é de boa marca vide a quantidade absurda de chocolate hidrogenado que é vendido para fazer receitas. Mas eu não percebia muito quando morava lá porque era sempre igual, em poucas confeitarias você come um doce de chocolate feito com um mais amargo e isso porque já está no gosto do brasileiro comer doce muito doce.

“Aqui no Brasil, quando comprar tem que negociar”. Acredito que o brasileiro é conhecido no mundo inteiro pelos comerciantes porque sempre (ao menos tentamos) pechinchar!, “hum...ficou 50, mas não tem um descontinho?”. Rsrsrs

“-Aqui no Brasil, todo mundo gosta de pipoca e de cachorro quente. Não entendo”. VERDADE!!! Como alguém pode não gostar de um cachorro quente? Não tem igual fora do Brasil. E aquela pipoca cheia de manteiga ou com pedaços de queijo provolone?! Que delícia! Fiquei com água na boca agora.

“-Aqui no Brasil, tem uma relação ambígua e assimétrica com a América latina. A cultura do resto da América latina não entra no Brasil, mas a cultura brasileira se exporta la. Poucos são os brasileiros que conhecem artistas argentinos ou colombianos, poucos são os brasileiros que vão de ferias na América latina (a não ser Buenos Aires ou o Machu Pichu), mas eles em geral visitaram mais países europeus do que eu. O Brasil as vezes parece uma ilha gigante na América latina, embora que tenha uma fronteira com quase todos os outros países do continente”. 
Quem mora na América Latina, não importa o país, sabe o quanto isso é verdade! Às vezes sinto que somos de outro continente e quando viajo ao Brasil, se não fosse pelos contatos com os amigos pela internet seria fácil esquecer que vivo na Argentina. Onde estão as músicas, os programas, filmes hispanos? Já quando se vai à Colômbia, Costa Rica, México, Uruguay, etc, as músicas de sucesso são as mesmas incluindo aí muitas brasileiras. Estamos isolados pelo idioma e pela cultura e como o Olivier mencionou muito bem as nossas referências culturais são norte-americanas. As músicas de sucesso lá são as que escutamos e reproduzimos todo o tempo. Aqui há um pouco mais de mistura. E quanto a viajar pela A.Latina ele foi mais que certeiro. Hoje mesmo perguntei a uma aluna que chegou semana passada do Peru se ela tinha encontrado brasileiros em outros lugares que não Cuzco e Machu Pichu e ela ficou pensando e disse que não, mas que em M.Pichu e Cuzco estava lotado, mas que realmente não se lembrava de ter visto nenhum nos hostals ou nas outras cidades. É interessante ver como as pessoas de outras nacionalidades vão ao Peru e outros países da A.Latina e têm o interesse de percorrer diversas cidades enquanto que o brasileiro (a maior parte) vai nos pontos mais turísticos e conhecidos e pronto. Eu mesma nunca fui à Bolívia ou ao Peru, mas já estive na Europa ou mesmo na Colômbia que está bem mais distante.
Olivier escreveu muitos pontos, eu reconheci TODOS como prática diária em cidades como Rio, SP e de algumas cidades do Nordeste. 

Mas um dos últimos que ele escreveu me fez rir muito:
-Aqui no Brasil, a torneira sempre pinga”. É incrível este ponto. Quantas vezes não entramos no banheiro e a torneira está lá pingando porque foi mal fechada ou porque tem um problema mesmo. Sabe aquele problema de que tem que trocar a borrachinha, mas esta nunca é trocada?! Rsrsrsrs Ou chegamos na cozinha e lá está a danada torneira pingando. Acho que todos nós brasileiros já ouvimos gritos das nossas mães para não deixar a torneira pingando!
Apesar de toda a polêmica que gerou, por sorte foram poucos os ignorantes que o criticaram porque simplesmente não sabem ler ou desconhecem a diferença entre uma crítica e um comentário espirituoso. O texto dele me fez rir, relembrar muitas situações que no cotidiano de outra cultura simplesmente nos esquecemos e até bateu uma saudade de algumas delas. Vou conversar com amigos brasileiros que vivem aqui e quem fazer uma lista assim também. Seria muito legal.
Bem, fico por aqui.

Saludos brasiporteños.

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